terça-feira, 10 de novembro de 2015

Desfile dos Urubus

Dessas cenas inusitadas que vemos de vez em quando: hoje à tarde, ao olhar pela janela do escritório, me deparei com dois urubus (ou carcarás, como me disse um colega, aparentemente mais entendido sobre o tema), pousados acima do prédio em frente. Eles estavam lá, com suas asas abertas, girando em seu próprio eixo, como se brincassem um com o outro, despretensiosamente, sob a fina camada de chuva que banhava Porto Alegre.

Fiquei observando-as por vários minutos, encantado por ver o comportamento no mínimo inusitado daquelas aves. Inusitado ao menos para mim, que fui criando na cidade, tendo pouca vivência de campo e mato. Os urubus, aves consideradas feias por sua aparência, e cercadas de pré-conceito por conta de seu cardápio bastante peculiar, pareciam estar no meio de um desfile para demonstração de seus trajes. Era como se quisessem mostrar suas enormes casacas negras um para o outro.

O andar desengonçado das aves tornava a cena ainda mais non-sense, pois em vários momentos de seu desfile, elas pareciam tropeçar na borda do telhado onde estavam posicionadas. Apesar disso, mantinham as enormes asas abertas, balançando-as elegantemente. Nenhum eventual tropeço era passível de abalar sua confiança.

Passados uns trinta minutos de desfile, ambos os pássaros alçaram voo, sumindo definitivamente de meu campo de visão. Mas posso afirmar que valeu a pena ver o desfile dos elegantes urubus (ou carcarás), no cenário bucólico que só uma Porto Alegre em um dia cinza é capaz de prover.

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